“Às vezes, acho que não temos destino. Apenas… flutuamos acidentalmente, como numa brisa. Mas, talvez, aconteçam as duas coisas ao mesmo tempo.”
— Forrest Gump
Nos filmes e nos investimentos, há algo profundamente desconcertante na simplicidade. Forrest Gump nos lembra que a verdade pode ser dita com poucas palavras, mas exige coragem para sustentá-la. No mundo dos investimentos em crédito, aprendemos que o simples não é sinônimo de superficial. Ao contrário: o simples é, muitas vezes, o refinamento final do complexo.
Nosso ofício, como gestores de crédito, exige profunda atenção aos detalhes — contratos, garantias, estruturas, fluxos, riscos, origens, contrapartes. Mas, ao final, o que buscamos são respostas simples: posso confiar? Vai pagar? Tenho proteção suficiente se não pagar? Essas perguntas, diretas e descomplicadas, são o cerne do crédito. E são elas que, respondidas com honestidade e profundidade, protegem o capital dos nossos investidores.
O banqueiro Edmond Safra dizia que só concedia crédito para quem sabia exatamente como pagaria. Nada de apostas. Nada de torcer para o crescimento. Sua abordagem era simples, mas levava uma vida para ser dominada. Assim também é Warren Buffett. Há mais de 60 anos, repete os mesmos princípios — margem de segurança, bom negócio, bom preço, boa gestão — e, ano após ano, retorna à mesma base, aprimorando o entendimento. A simplicidade, nesses dois gigantes, não é ausência de rigor. É um filtro contra a distração.
Nos investimentos em crédito, a simplicidade é uma âncora. Quando o mercado oferece complexidade excessiva, produtos que ninguém entende, estruturas que prometem tudo ao mesmo tempo — retorno, liquidez, risco zero — é ali que mora o perigo. Quando o simples parece “pouco”, é preciso lembrar: crédito não aceita erro. Um único contrato mal estruturado pode comprometer todo um portfólio. E, em nosso mercado, o erro não é amortizado pela sorte.
Por isso, seguimos desconfiando dos atalhos. Preferimos a diligência à promessa. O que parece simples demais para ser verdade, muitas vezes é. Mas o que é simples porque foi construído com cuidado, método e clareza — esse, sim, merece respeito.
Simplicidade é foco. É disciplina. É saber dizer não. É repetir o básico todos os dias com consistência. É manter o time alinhado em torno de princípios claros. E é isso que procuramos, tanto na estruturação de nossas operações quanto nas fintechs e empresas com as quais escolhemos trabalhar.
Ao longo do tempo, os retornos mais consistentes vieram justamente das estruturas mais bem compreendidas. E é nessa busca por clareza, por boas perguntas e respostas simples, que seguimos nosso caminho.
Obrigado por seguir conosco.
Grande abraço.